Growth hacking ou distribution hacking têm como objetivo a criação de uma vantagem injusta para o crescimento da sua empresa.
Há muito tempo as empresas buscam atributos que as diferenciem das demais. Não à toa a disciplina de Estratégia é tão valorizada nas turmas de Negócios ao redor de todo o mundo.
Você provavelmente já ouviu falar que um posicionamento estratégico deve ser único e ser capaz de distinguir (diferenciar) uma empresa dos demais concorrentes, dando a ela atributos únicos que em conjunto sejam difíceis de copiar, muito antes de ouvir falar em growth hacking.
Essa busca acontece porque competir de igual para igual não faz sentido. Quando você compete de forma igualitária você tende a atingir um resultado perde-perde, de soma zero.
A vantagem injusta e o growth hacking: alcance resultados incomparáveis
Agora veja, se mesmo nas escolas de negócios tradicionais, o que aprendemos é que as empresas devem se diferenciar, por que deveríamos fazer diferente quando se trata do crescimento das nossas empresas?
Em termos estratégicos já sabemos que não existe forma de uma empresa superar a outra quando ambas fazem exatamente a mesma coisa bem e da mesma forma. De forma bem resumida, as empresas buscam se diferenciar uma das outras em um nível estratégico, atingindo a desejada vantagem competitiva.
Growth Hacking não é fazer mais do mesmo
Apesar de conhecer o conceito de diferenciação estratégica, quando falamos de marketing, de distribuição e de crescimento, a maior parte das empresas tende a fazer o feijão com arroz.
Por mais que tragam inovação e estejam ligadas às mudanças, elas repetem táticas já testadas e refinadas por várias outras empresas e querem pegar receitas prontas de growth hacking ou descobrir quais ferramentas farão o resultado acontecer.
Fica parecendo que a inovação na forma de atingir clientes fica resumida a ler meia dúzia de táticas, achar que já manja muito e sair aplicando tudo e comprando várias ferramentinhas para fazer o crescimento acontecer de forma mágica.
Os hackers (sejam eles chamados de growth hackers, distribution hackers ou growth marketers) não atingem o crescimento de forma tradicional porque existem empresas com muito mais recursos que as startups (onde os growth hackers nasceram) e que já atuam nos canais mais estabelecidos. Tais empresas possuem dinheiro e pessoas, enquanto as startups não.
Na prática se uma startup tentar apenas fazer o que as demais empresas já fazem, ela provavelmente vai nadar, nadar, e morrer na praia.
O growth hacker precisa de espaço para testar
Se estamos falando que para fazer growth hacking é necessário sair do tradicional e buscar atalhos ainda não explorados, estamos por tabela dizendo que o growth hacker precisa ter liberdade para testar.
Esse profissional tem que ser aquele que pensa muitas hipóteses e tem espaço para aplicar cada uma delas, validando as que fazem sentido e iterando em cima delas, e tirando da lista aquelas que não atingiram o resultado esperado.
Assim como no modelo Lean Startup são as contribuições incrementais do growth hacker que vão impactar o crescimento e trazer a vantagem injusta que é buscada.
Querer definir um growth hacking como alguém que vai fazer SEO, ou PPC e Facebook Ads, ser um baita cara de Analytics ou qualquer outra estratégia ou tática, é limitar o escopo do seu trabalho e vai resultar em resultados muito menores do que poderiam ser.
A disciplina do Growth Hacker quanto a métricas e experimentações é fundamental
Dê espaço para o growth hacker testar, dê poder a ele, e deixe claro que com grandes poderes virão, também, grandes responsabilidades.
O que muita gente que trabalha com marketing não entende é que não basta apenas estudar novas táticas e implementá-las, seja porque você já é muito bom em um canal específico seja porque você é bom estrategicamente, para ser autodenominar um growth hacker.
No cerne de um growth hacker está uma certa paixão por métricas e experimentação. É um processo científico de busca de resultado, não um acaso de “deixa eu fazer umas coisinhas aqui para ver o que sai”.
Se você é uma startup ou corporação querendo aplicar growth hacking: pense bem em que perfil você quer contratar e em que momento você está e que tipo de apoio pode oferecer a um profissional de marketing ou a um growth hacker.
O trabalho desse profissional deve envolver a condução de dezenas de experimentos (testes de hipóteses) e avaliar os resultados de forma quantificável. Só assim ele vai encontrar vantagens injustas e poder explorá-las.
Se você é um profissional, questione quais são suas habilidades e forças de fato e evite embarcar num nome mais popular como o growth hacker, só para abocanhar maior possibilidade de vagas de trabalho. Evite a frustração.
Você não vai atingir resultados injustos se não seguir uma rotina muito específica de testes mensuráveis e baseados em processos para atingir o crescimento.
Não seja (somente) um copy cat: comporte-se como um growth hacker
Existe muita vantagem em validar para seu negócio táticas já testadas. Isso também é pegar um atalho e faz parte, você com certeza deve tirar proveito do que funciona.
Mas se tem uma coisa que aprendi nos meus vários anos de carreira com empresas de Internet é que muito mais difícil do que copiar uma ideia é copiar a operação. Isso fica claro quando vemos duas startups bem similares e tecnicamente competentes terem resultados tão diferentes.
Você pode e deve ler os blogs, assistir os vídeos e tudo o mais que conseguir sobre growth hacking, marketing digital e outras disciplinas, mas você precisa construir a habilidade de pensar algumas estratégias por si só.
Copiar a receita de growth hacking mais recente não vai ser suficiente para levar sua empresa para o próximo nível, não vai ser o suficiente para te colocar muito a frente e te trazer a vantagem injusta que você está buscando. O seu concorrente também tem acesso à esse conteúdo.
Se você só copia você perde a parte mais relevante: a lógica do processo de criação da tática, o motivo dessa hipótese de teste ter sido priorizada versus outra, as várias falhas até essa tática funcionar, a construção das métricas e resultados a partir das iterações, entre outros aspectos. E saber tudo isso é a vantagem injusta! E você só vai saber se você fizer.
Você deve ter curiosidade, deve aproveitar as reuniões com outras pessoas para conhecer os negócios delas, entender a forma que raciocinam. Viu uma receita de growth hacking que funcionou para um público similar ao seu? Ótimo! Faça engenharia reversa dessa técnica, tente compreender o processo que levou à construção dela.
Com o tempo e a prática (somente através dela) o seu próprio repertório ficará muito mais rico e você vai, naturalmente, começar a criar suas próprias táticas de growth cada vez mais avançadas.
Foque na construção do processo de growth hacking, na criação da sua metodologia de distribution hacking. É isso que vai te permitir explorar oportunidades incomparáveis e, portanto, injustas.
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