Hoje foi o dia 0 do curso que vim fazer na Stanford Graduate School of Business, da Universidade de Stanford. O curso que escolhi foi o “Executive Program in Strategy and Organization” (EPSO).
Chamo de dia 0 porque hoje na verdade ainda não teve aula. É um domingo e foi o dia de check-in oficial: tivemos uma introdução geral ao curso, com Jesper Sorensen (Sociólogo) e Andy Skrzypacz (Economista), os professores que comandam o curso.
Na sequência, tivemos uma recepção / coquetel seguido de um jantar.
Introdução ao EPSO
O EPSO (Executive Program in Strategy and Organization) é um curso executivo, de curta duração (são duas semanas de aula em tempo integral), que faz parte dos cursos oferecidos pela “Stanford Graduate School of Business“.
A maioria dos participantes desse curso vem de grandes empresas mas eu queria um curso com foco maior em estratégia e temas mais complexos, então acabei escolhendo por ele. Mais informações sobre isso mais a frente no artigo.
Muitos dos professores que dão aula no curso são professores do MBA de Stanford e, para quem não sabe, MBA dos EUA não é igual ao do Brasil no sentido de que no Brasil chamamos quase qualquer pós graduação de “MBA”. Aqui nos EUA um MBA é de fato um mestrado (stricto sensu), em Administração de Negócios.
Como é a experiência de estar em Stanford?
Uma das coisas bacanas do curso é poder “morar” em Stanford pelo período de duração das aulas. Os alunos ficam hospedados nos dorms (dormitórios) do complexo residencial em frente ao Knight Management Center, onde acontecem as aulas da GSB, e dá para ter uma boa experiência de como seria cursar o MBA ou estudar por aqui.
Os dorms da Stanford Graduate School of Business são bem bacanas, bem mesmo! Parece que você está num hotel 3 estrelas, desde o cuidado com uma cama gostosa, até itens do banheiro (shampoo etc), além de serviço de quarto para limpeza. Ah, o quarto tem uma cozinha compartilhada com o quarto ao lado (dá para trancar a porta por dentro).
Eu estou especificamente hospedada no Jack McDonald Hall e posso dizer que a experiência está sendo muito legal. Não só pelo quarto em si, mas porque ao andar pelo prédio dá para encontrar vários cantinhos bonitos detalhes incessantes de arquitetura e design. Definitivamente é tudo muito bem cuidado.
Qual o perfil de alunos desse curso executivo de Stanford?
No meu Instagram começaram a surgir mais perguntas sobre o perfil dos alunos do curso, então resolvi complementar esse artigo sobre o Dia 0 com informações um pouco mais completas sobre o perfil dos alunos do EPSO.
São 55 pessoas, sendo 12 mulheres (21,8%) e 43 homens (78,2%), vindos de 27 países diferentes, sendo Ásia e América do Norte os maiores (com a mesma quantidade), seguidos pela Europa, Austrália/Nova Zelândia, América do Sul (são 4 do Brasil e 1 do Chile) e Oriente Médio.
Apesar da América do Sul ser uma das regiões com menos pessoas, curiosamente o Brasil é o terceiro em quantidade individual por país (sendo que tem 2 países empatados na segunda posição – Austrália e Japão, com 5 pessoas cada – e os EUA no topo com 11 participantes).
Em termos de idade o grupo é mais maduro. São 6 pessoas entre 34 a 39 (eu tenho 33 nesse momento mas presumo que estou enquadrada aí), 13 entre 40 e 44, 24 pessoas entre 45 e 49 e 12 pessoas acima de 50 anos. Para mim isso está sendo uma experiência diferente, me lembrando um pouco meu início de carreira quando eu era muito mais nova que meus pares.
Outro ponto significante é que dos 55 apenas 19 tem bacharelado, 1 não tem formação superior, e o restante todo tem Mestrado ou Doutorado em alguma área. Além disso, apenas 2 são analistas ou especialistas, todo restante varia de alta gestão à CEO ou chefe de conselho.
As indústrias de atuação também são muito diversas, sendo que a maior quantidade está na indústria financeira e de bancos, mas tem até gente do FBI (sério mesmo).
Algo importante de notar é que eu especificamente escolhi esse curso como algo diferente do que os empreendedores e profissionais de startups normalmente fazem, como o Programa de Growing Companies.
O EPSO tem uma proposta voltada para empresas maiores e globais e executivos com muita experiência (entre 10 a 15 anos pelo menos) e eu entrei em contato com a área de admissão perguntando se eu poderia me qualificar e pediram para eu tentar e assim o fiz e funcionou. Minha escolha teve a ver justamente com o grau de complexidade dessas empresas e com a senioridade das pessoas com quem poderia trocar experiência, assim não ficaria mais do mesmo para mim.
Isso já responde algumas perguntas que têm surgido no meu Instagram sobre o motivo de ter escolhido esse curso. A outra pergunta, que estão me fazendo mais aqui (mas também rolando no meu Instagram), é por que Stanford? Bem…Stanford é um sonho antigo meu e eu acho que eles estarem no meio do Vale do Silício dá a eles uma boa visão de como pensam e atuam algumas das mentes brilhantes por aqui. Como já visitei o Vale do Silício por um período, para mim está sendo legal estudar onde eu costumava visitar, mas onde nunca havia estudado de fato.
O que já deu para perceber sobre o curso e Stanford?
O campus fica bem mais vazio no verão, porque os alunos “comuns” daqui estão de férias, bastante coisa fica fechada e é melhor ir até Palo Alto para comer algo ou ver movimento antes do curso começar de fato (eu cheguei um dia antes), o único restaurante aberto por aqui no sábado a noite era o Ray’s Grill (que não é exatamente muito legal, gostoso ou saudável).
A turma é bem diversa, o que é muito interessante e enriquece muito a proposta de se fazer um curso desses. Tem gente praticamente do mundo todo, como acabei explicando em mais detalhes acima quando atualizei esse artigo.
O atendimento prestado aos alunos é bem cuidadoso. Além das instalações de hospedagem, como já comentei, a comida é muito boa. Apesar de ser um curso caro, não sei se esperava isso, acho que não havia parado para pensar a respeito. Afinal, eu vim para estudar e aprender, não para comer…mas acabou sendo uma grata surpresa.
Networking é um dos pontos altos do curso e ele é estruturado para fazer as pessoas interagirem mesmo. Seu lugar fica marcado na sala e aparentemente eles irão trocar esses lugares ao longo do curso. Eles também montam grupos de estudo, designados por eles – terei meu primeiro amanhã de manhã – e a estrutura de aulas é muito focada na discussão de cases, em grupo.
Além disso, o café da manhã, almoço e jantares são feitos em conjunto e existe um personal trainer para dar aula pra gente de manhã cedinho. É tudo pensado para que de fato você tenha espaço para interagir com os outros membros. Na verdade, não só espaço…basicamente uma obrigação mesmo (o que os mais introvertidos como eu não curtem tanto mas…faz parte).
Sobre o curso: a leitura para ele é pesada (eles enviam o material antes mas é um volume bem grande) e o objetivo maior deles é ensinar a pensar, treinando conceitos e habilidades analíticas. Não é um curso sobre best practices e sim um curso para te dar uma boa base para pensar por si mesmo. Eles focam muito no fato de que cases são ilustrações, não receitas de sucesso, e que servem apenas para exemplificar algo.
Durante o jantar, o Professor Sorensen ficou na minha mesa então acabei perguntando algumas coisas a ele (aliás, super curti o fato dos professores que dirigem o curso terem perfis diferentes, sendo um Economista, especializado em Teoria dos Jogos, e outro um Sociólogo, especializado em Comportamento Organizacional). O Sorensen é o Sociólogo.
Achei interessante ele me contar que a procura pelos cursos executivos e outros mais curtos tem subido e que, em geral, tem caído um pouco a busca por MBAs, que levam 2 anos em tempo integral. Stanford e Harvard ainda atraem muita gente (nessas duas não está caindo), mas os cursos assim vem diminuindo em outras faculdades, porque é “difícil se dar ao luxo de ficar 2 anos fora do mercado de trabalho”. Soma-se a isso o fato de que cada vez mais podemos aprender por conta própria e ter experiência “real” e acho que se gera esse efeito.
A idade média dos alunos do MBA de Stanford é de 27 anos e a maior parte deles tem experiência profissional após a faculdade, não entrando direto no Mestrado após cursar o bacharelado. Apesar dessa idade ser considerada uma média de idade alta para MBAs, alunos mais velhos que isso também são raros.
Outra coisa que eu não sabia é que os alunos do MBA moram nos dormitórios da GSB (Graduate School of Business) somente durante o primeiro ano do MBA, mas não no segundo ano. A maioria deles acabam se juntando e aluga casas lindas e grandes com piscina etc, que possuem 5 ou 6 quartos, já que morar sozinho (e até junto) nessa região do Vale do Silício é muito caro.
Muito legal seu relato! Vou ficar acompanhando : )
Que bacana, Lucas, vou tentar colocar os outros dias ainda, mas a rotina está pesado por aqui. Fico muito feliz que tenha curtido!
Ei, Lucas, publiquei finalmente sobre o Dia 1, caso tenha interesse em ler a respeito: https://www.tahianadegmont.com/dia-1-curso-executivo-em-stanford-epso/