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Matéria da Revista IstoÉ Dinheiro comigo: “O segundo Second Life”

Tahiana D’Egmont, da Mentez : “Inserir as marcas no campo de interesse do usuário de uma forma interativa é a receita do sucesso”

Quando o universo em 3D do Second Life surgiu na internet, muitos acreditaram que a tão desejada fórmula para transformar a audiência das redes sociais em dinheiro tinha sido descoberta. Inegavelmente, o novo portal fez o que nenhum outro conseguiu fazer. Só no último ano ele movimentou US$ 360 milhões no mundo. Mas no Brasil, dois anos depois de sua chegada em 2007, a rede caiu no esquecimento.

O Second Life sempre foi muito mais conhecido do que usado. A rede não emplacou, mas a corrida em busca da rentabilidade das redes sociais continua mais ativa do que nunca. A nova aposta que tem despontado lá fora é a inserção de serviços pagos em comunidades virtuais. No Brasil, a modalidade acaba de ser implantada no Orkut pela Mentez, empresa multinacional de desenvolvimento de aplicativos.

Pelo sistema, usuários compram moedas virtuais para ter acesso a funções extras de ferramentas disponíveis na rede. É o caso do aplicativo de maior sucesso do site, o BuddyPoke. O serviço permite ao internauta criar gratuitamente seu personagem virtual e interagir com outros da rede. Mas para ir além e usar o avatar para pedir alguém em casamento, por exemplo, é preciso pagar. Quem ganha com isso são os desenvolvedores de aplicativos e gerenciadores do sistema de pagamento. Mas as marcas podem usar a distribuição da moeda para atrair o consumidor.

“O modelo tradicional de propaganda não teve sucesso nesse universo”, diz Tahiana D’Egmont, sócia da Mentez no Brasil. “Inserir as marcas no campo de interesse do usuário de uma forma interativa é a solução”, afirma. Segundo ela, este ano, a moeda virtual movimentará R$ 4,5 milhões no Brasil.

O interesse da Mentez pelo País surgiu da popularidade que as redes sociais têm por aqui e da perspectiva de crescimento do mercado de aplicativos para a internet. Fundada por um grupo de empresários colombianos, a empresa é representada no País por Tahiana, uma jovem de apenas 23 anos. A escolha do Orkut veio de sua liderança absoluta entre as redes por aqui. O portal tem mais de 30 milhões de usuários ativos.

O primeiro aplicativo a usar o sistema pago da Mentez foi o BuddyPoke. Hoje, cerca de 98% dos usuários usam o serviço. O boneco virtual é gratuito. No entanto, algumas funções são pagas. “A internet virou sinônimo de gratuidade. Mas quando a pessoa tem interesse pela ferramenta estará disposta a pagar para ter um conteúdo exclusivo”, afirma José Calazans, analista de mídia do Ibope Nielsen Online.

A compra de créditos é feita pelo sistema de pagamento online PagSeguro, do UOL. Os pacotes vão de R$ 5 a R$ 45. “Em breve, o usuário poderá recarregar suas moedas da mesma forma que faz com o celular: em padarias, bancas e farmácias”, revela Tahiana. Segundo ela, o gasto médio mensal dos usuários tem sido de R$ 21. Os serviços pagos já foram adquiridos por 0,1% dos usuários ativos. A renda é repartida entre a Mentez e o desenvolvedor do aplicativo.

A pergunta que fica é como as marcas podem tirar proveito desse novo negócio. Segundo Tahiana, as empresas poderão comprar pacotes de moedas e distribuir aos usuários em troca de uma aproximação com a sua marca. Por exemplo, o internauta que visitar o site da companhia pode ganhar créditos para usar no Orkut. Para Abel Reis, presidente da AgênciaClick, o consumidor tem uma boa tolerância à publicidade na internet, mas com algumas ressalvas.

Ela deve ser relevante ou viabilizar a gratuidade de outros serviços que o internauta está acostumado a usar. “O uso das moedas pode dar certo já que marca e consumidor saem ganhando”, afirma Reis. O próximo aplicativo a adotar o sistema é o Colheita Feliz, número um em acessos na China e na Rússia (Saiba mais no quadro “Serviços Pagos”).

O objetivo da Mentez é que seu sistema se torne uma moeda única entre as redes sociais. O portal Sonico deve adotar serviços pagos no segundo semestre. “É uma abordagem promissora, mas só o tempo vai poder dizer se será vencedora”, diz Reis.

Serviços pagos

Conheça os dois aplicativos do Orkut que oferecem funções exclusivas com o uso da moeda virtual.

BudyPoke 
O avatar e o uso de funções básicas, como o envio de um beijo, são gratuitos. Mas pedir alguém em casamento, por exemplo, custa R$ 4. Imprimir um “paper toy”, versão real do boneco, custa 180 moedas.

Colheita feliz 
A fazenda virtual é de graça. Para decorar a casa e comprar animais e sementes é necessário adquirir moedas. Permite vender produtos ao sistema, além de práticas discutíveis, como invadir fazendas e roubar legumes de amigos.

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