Há algum tempo terminei de ler “Fail Fast, Fail Often: How Losing Can Help You Win” (tradução livre do título: “Falhe Rápido, Falhe Frequentemente: Como Perder Pode Lhe Ajudar a Ganhar”), dos autores Ryan Babineaux e John Krumboltz.
Confesso que fiquei preocupada do livro ter uma temática muito voltada a auto-ajuda e, convenhamos, existem auto-ajudas boas e algumas bem ruins, mas peguei o livro emprestado e comecei a ler, tendo uma surpresa positiva.
Quando participei do Tech Mission (missão empreendedora de startups ao Vale do Silício) em 2010, tive oportunidade de ver o quanto as falhas podem ser positivas aos olhos de outra cultura: uma cultura realmente voltada à inovação e ao sucesso. Sim, ao sucesso, porque entendem que são as falhas que lhe ajudam a chegar lá.
Durante a missão, que contou com um seleto grupo de fundadores de startups brasileiras, participamos até mesmo de um evento chamado “Failcon”, totalmente dedicado a contar histórias de fracasso e as lições aprendidas com tais situações.
Por isso, a leitura do livro se tornou ainda mais natural para mim. Eu já entendia a falha como um caminho para algo muito maior e o livro ajudou a solidificar esse conceito. Para pessoas extremamente auto-críticas como eu, é importante saber que falhas ocorrerão e que elas não significam o fracasso total.
Os autores são professores de uma aula da faculdade de Stanford que tem o mesmo nome do livro e não desapontam na riqueza de exemplos relacionados a empreendedorismo e startups. Mais um ponto positivo!
No capítulo “Pense grande, aja pequeno”, é enfatizada a importância de começar a fazer as coisas, independente de achar que elas estão perfeitas ou prontas para serem feitas ou não. A palavra de ordem é ação! Uma das frases desse capítulo diz “Os empreendedores mais bem-sucedidos não começam com ideias brilhantes – eles a descobrem”. E só é possível descobri-las fazendo. Quanto mais tempo você gasta apenas planejando o seu empreendimento e esperando indefinidamente a hora certa, mais está se afastando de realizar seu sonho.
O livro menciona também uma pesquisa de Saras Sarasvathy, professor da Darden School of Business, da Universidade da Virgínia, que conversou com trinta fundadores de empresas de indústrias diferentes como aço, produção de ursinhos, biotecnologia, ferrovias, semi-condutores, entre outros, e chegou a uma conclusão bem diferente daquele estereótipo construído com relação a empreendedores.
A conclusão do professor foi a de que apesar de acreditarmos que empreendedores tomam muito risco e se sentem confortáveis com isso, eles na verdade são contrários a risco. Empreendedores tendem a investir em projetos que levem o menos tempo e custo possível (MVPs, metodologias lean, rápidos protótipos para validação de ideias) e capitalizam em cima de recursos que já possuem como suas habilidades, conhecimento e conexões sociais.
Em “Vencendo a análise que paralisa”, Ryan e John explicam que, como seres humanos, fomos treinados a reconhecer muito mais riscos do que oportunidades e que portanto não podemos analisar situações igualmente entre o número de prós e contras. Eles sugerem que para cada um “sim”, podemos ter três “não”, como forma de melhor equalizar nossas análises decisórias.
Outro ponto que gostei muito no livro foi o incentivo ao networking e ao “tentar coisas novas” sempre. Os autores defendem que você deve diversificar sua comunidade cada vez mais. Isso significa conhecer pessoas de backgrounds totalmente diferentes dos seus e até com as quais você se sinta pouco confortável. Você pode fazer networking para recursos (o tradicional, praticado pela maioria) ou o networking para ideias, que de fato vai abrir sua cabeça para novas oportunidades, através do encontro com pessoas que a princípio pareçam bem diferentes de você mesmo.
A prática de hobbies, de experimentar novas habilidades, também é defendida em “Fail Fast, Fail Often”.
Recomendo o livro para quem possa estar passando por dificuldades em iniciar uma nova fase na vida, esteja apegado a algo “negativo” que ocorreu na vida pessoal ou profissional ou para quem esteja começando a empreender e ainda pouco confortável com os pontos negativos desse processo. O livro é fácil e rápido de ler e pode lhe dar uma injeção de ânimo!